Faculdade de Ciências Sociais promoveu ciclo de estudos e debates sobre ética e pesquisa 14/12/2012
Participantes discutiram os limites e as especificidades das pesquisas em ciências humanas
Fotos: Carlos Soares
Entre os dias 11 e 14 de dezembro o programa de pós-graduação em Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais promoveu o Ciclo de estudos e debates "Procedimentos éticos e a pesquisa em antropologia".
De acordo com a coordenadora do evento, professora Telma Camargo da Silva, além da reflexão sobre o tema, que ainda é pouco abordado no âmbito da academia, o ciclo de debates também teve como objetivo contribuir com uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira de Antropologia sobre os comitês de ética nas universidades. "O objetivo foi expor o debate sobre a problemática das especificidades da pesquisa antropológica e os critérios de análise dos projetos pelos comitês de ética. Esse ainda é um assunto pouco discutido na academia", ressaltou Telma Camargo.
Da esquerda para a direita o diretor da Faculdade de Ciências, Luiz Melo, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Patrice Shuch, o diretor da Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (Funape), Cláudio Leles, a coordenadora do evento, Telma Camargo da Silva, a presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), Zaira Turchi, e o coordenador geral de Pesquisa da UFG, João Medrado
Para Mônica Pechincha, membro do Comitê de Ética da UFG, a especificidade da pesquisa antropológica, assim como a da ciências humanas, envolve uma relação complexa para a aprovação de projetos pelos comitês de ética. "Existe uma grande limitação do escopo da pesquisa antropológica devido à adequação ao protocolo de pesquisa específico que segue. Como por exemplo, as pesquisas em áreas indígenas que requer o consentimento dos índios e a aprovação dos procedimentos por parte de outros órgãos. Isso é um processo muito demorado.
Para a palestra de abertura foi convidada a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ceres Victora. Envolvida na discussão sobre ética e antropologia no âmbito da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Ceres Victora é autora do livro Antropologia e Ética: o debate atual no Brasil, e atua principalmente na área de Antropologia da saúde.
Ceres Victora traçou um panorama da bioética na contemporaneidade. Ela destacou que, apesar de ser discutido desde a antiguidade, somente a partir de meados dos anos 1960 o tema ganhou outros olhares em decorrência de novos contextos que surgiram do aprimoramento das tecnologias de prolongamento da vida, das cirurgias plásticas, dos contraceptivos, assim como a explosão dos movimentos sociais (feministas, ecológicos, étnicos, homossexuais). "O debate sobre bioética no contexto dos anos de 1960 fez reacender o debate sobre moral, ética e ética na pesquisa. A ética é diferente da moral. Os códigos de ética funcionam como atalhos para resolução de problemas morais. Esse contexto social pediu a formulação dos comitês e dos códigos de ética, visando a limitação das técnicas invasivas e a maior proteção dos voluntários nas pesquisas", esclareceu Ceres Victora.
Na noite de quarta-feira, 12 de dezembro, ocorreu a mesa-redonda "Reflexões a partir dos estudos com projetos de desenvolvimento e de experiências na prática com políticas públicas", no auditório Lauro de Vasconcellos da Faculdade de Ciências Sociais (FCS/UFG). Participaram do debate conduzido pela debatedora convidada, Patrice Shuch, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a vice-diretora da FCS, Maria Luiza Rodrigues Souza, e as professoras Izabela Tamaso, Janine Collaço e Vânia de Oliveira.
Ceres Victora destacou os novos olhares sobre a bioética a partir da década de 1960
A problematização do tema na Museologia deu-se com base na apresentação de projetos e experiências práticas, dos limites da atuação do pesquisador, das relações éticas no campo e suas implicações, dos procedimentos éticos no trabalho com a documentação museológica, e da reflexão acerca da patrimonialização. Foram colocados em pauta os desafios para solucionar os conflitos pertinentes às políticas públicas que norteiam o trabalho tanto dos antropólogos quanto dos museólogos.
Segundo a professora Patrice Shuch, o debate contribui para repensar a ética do papel do antropólogo e do museólogo em seu projeto de campo, além dos problemas com limites e impactos enfrentados pelos projetos de pesquisa. "Este tipo de debate é uma excelente contribuição tanto para professores e estudantes, porque mostra a problematização do trabalho antropológico e museológico, e o que caracteriza uma questão ética nesse campo", disse Patrice Shuch.
Source: Ascom - UFG